Dados do Trabalho

Título

Panorama atual da Doença de Chagas no estado do Tocantins: uma revisão com base em dados recentes

Introdução

A Doença de Chagas, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi e transmitida principalmente por vetores triatomíneos, é uma importante enfermidade negligenciada que afeta milhões de pessoas na América Latina. No Brasil, estima-se que entre 1,9 e 4,6 milhões de pessoas estejam infectadas, sendo as regiões rurais as mais afetadas devido às condições socioeconômicas precárias e à proximidade com o ciclo silvestre do vetor. O estado do Tocantins, localizado na região Norte do país, apresenta características geográficas e ambientais propícias à manutenção da transmissão vetorial, especialmente em áreas de transição entre o cerrado e a floresta amazônica.
Nas últimas décadas, o Brasil implementou com sucesso programas de controle vetorial, resultando na significativa redução de novas infecções pelo vetor doméstico Triatoma infestans. Contudo, no Tocantins, a transmissão ainda ocorre por outras espécies de triatomíneos nativos, como Triatoma brasiliensis e Panstrongylus megistus, associadas à persistência de casos crônicos da doença. Além disso, a migração populacional, o desmatamento e as mudanças climáticas têm impactado a dinâmica da transmissão, criando novos desafios para o controle da doença na região.
Estudos recentes apontam para uma alta prevalência de infecção entre populações vulneráveis no Tocantins, com subnotificação de casos e dificuldades no acesso ao diagnóstico e tratamento adequados.

Objetivo

Revisar e analisar os dados epidemiológicos mais recentes sobre a Doença de Chagas no Tocantins, destacando os principais fatores de risco, abordagens diagnósticas e terapêuticas, além das estratégias de controle implementadas.

Métodos

Foi realizada uma revisão sistemática da literatura, utilizando as bases de dados PubMed, SciELO e LILACS, focando em artigos publicados entre 2018 e 2023. Foram incluídos estudos que abordassem a prevalência da Doença de Chagas no estado do Tocantins, métodos de diagnóstico, adesão ao tratamento e medidas de controle da doença.

Resultados/Discussão

A análise dos artigos revelou uma prevalência significativa de casos na zona rural, com destaque para as regiões norte e sudeste do Tocantins. Fatores como pobreza, baixa escolaridade e proximidade com áreas de florestas aumentam o risco de infecção. O diagnóstico ainda é subnotificado, especialmente em áreas de difícil acesso, apesar de avanços no uso de técnicas sorológicas. Quanto ao tratamento, a adesão ao benznidazol apresentou variações entre 60% e 80%, com alta taxa de abandono devido aos efeitos colaterais. As ações de controle vetorial, por meio de programas de pulverização, mostraram-se eficazes em reduzir a incidência de novos casos.

Conclusão

Apesar de avanços no controle vetorial e no diagnóstico da Doença de Chagas no Tocantins, a subnotificação e os desafios relacionados ao tratamento ainda persistem. A ampliação das campanhas de conscientização, a melhora no acesso ao diagnóstico precoce e estratégias mais eficazes de controle vetorial são essenciais para a redução da morbidade e mortalidade associadas à doença.

Palavras Chave

Doença de Chagas; Tocantins; epidemiologia; Tratamento; Controle vetorial