Dados do Trabalho
Título
O coração sob pressão: consequências cardiovasculares do uso de esteroides anabolizantes
Introdução
A administração de testosterona ou de seus derivados sintéticos e o exercício de resistência, por si mesmos já tendem à hipertrofia da musculatura esquelética, mas a combinação de ambos é comumente empregada para aumentar a massa muscular e melhorar a percepção da imagem corporal a partir de efeitos intensificadores. Embora a maior parte dos usuários de esteroides anabólicos androgênicos (EAA) sejam altamente ativos, há ainda um risco acentuado para o desenvolvimento de alterações cardiovasculares mal-adaptativas nestes indivíduos, como resultado de uma remodelação cardíaca.
Objetivo
Investigar o impacto do uso de esteroides anabolizantes androgênicos no perfil lipídico e na função cardiovascular.
Métodos
Trata-se de uma revisão integrativa da literatura em que foi utilizado a plataforma PubMed como base de dados utilizando-se os descritores “Cardiomyopathy” ou “Cardiovascular” ou “Cardiometabolic” e “Anabolic androgenic steroids” unidos pelo operador booleano “AND” e “OR”. Foram incluídos trabalhos de ensaios clínicos não randomizados, revisões sistemáticas e relatos de caso dos últimos 5 anos. Selecionou-se 6 artigos em inglês completos sobre as consequências cardiovasculares do uso de esteroides anabolizantes.
Resultados/Discussão
As alterações cardiovasculares relacionam-se a distúrbios que tendem a impactar uma contração de forma coordenada da bomba cardíaca. Percebe-se que essa característica está relacionada pelo aumento da deposição de colágeno e fibrose, que se juntam ao remodelamento das junções comunicantes e também de proteínas envolvidas no transporte de cálcio, acentuando características arritmogênicas.
Essas substâncias também modificam a estrutura das artérias aumentando o tônus dos vasos e produção de colágeno, reduzindo a elastina, favorecendo um estado pró-trombótico. Além disso, o uso de EAA propicia o desenvolvimento de maior volume de placa coronária em comparação aos não usuários e o efeito causal de alterações nos valores séricos de lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) e lipoproteína de alta densidade (HDL-C), aumentando e diminuindo respectivamente, são proporcionais à dose, além da correlação com o tempo de uso dessas substâncias, potencializando efeitos ateroscleróticos que podem sustentar maior incidência de doença arterial coronariana (DAC) e desenvolvimento de infarto agudo do miocárdio em jovens. Os efeitos se estendem pela tendência a interferir nas plaquetas, na cascata de coagulação e na fibrinólise, alterando também as prostaglandinas, resultando em maior agregação plaquetária em áreas de lesão endotelial.
Conclusão
O uso de EAA está associado a diversos impactos negativos na saúde cardiovascular, incluindo alterações no perfil lipídico e remodelações cardíacas prejudiciais, como aumento da deposição de colágeno, fibrose miocárdica e hipertrofia ventricular. Essas mudanças podem acentuar desenvolvimento de aterosclerose, hipertensão, e infarto agudo do miocárdio, especialmente na juventude. Além disso, o desequilíbrio das lipoproteínas séricas, com aumento dos níveis de LDL-C e redução dos níveis de HDL-C, intensifica o risco de doenças coronarianas.
Para abordar essas complicações de maneira eficaz, é necessário um esforço multiprofissional. Cardiologistas, endocrinologistas e nutricionistas devem atuar em conjunto para tratar as consequências do uso de EAA, oferecendo uma abordagem integrada e personalizada, promovendo a cessação segura do uso e prevenindo complicações futuras.
Palavras Chave
Cardiomyopathy; Cardiovascular; Cardiometabolic; Anabolic androgenic steroids
Área
Cardiologia
Categoria
Revisão de literatura
Autores
Guilherme de Moura Batz, Adrielly Oliveira Mateus, Camila Beatriz Cressoni, Isabela Moraes Leme, Rodrigo Rodrigues da Silva