XVI Congresso Tocantinense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

DOENÇA DE CHAGAS: REPERCUSSÕES CARDÍACAS E DESAFIOS NO CENÁRIO DA SAÚDE PÚBLICA BRASILEIRA

Introdução

A Doença de Chagas (DC), classificada como uma das dezessete doenças tropicais negligenciadas, é uma patologia que se desenvolve em humanos devido a infecção pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, o qual é transmitido por um vetor popularmente conhecido como “barbeiro”. Ademais, existem outras vias de transmissão, como a oral, a vertical, ou ainda, mediante transfusões sanguíneas ou por transplante de órgãos. A história natural da doença pode ser subdividida em infecção aguda, caracterizada por ser assintomática ou por manifestar-se por sintomas inespecíficos e fase crônica, que se subdivide em uma forma indeterminada/assintomática ou em uma forma determinada/sintomática que, por sua vez, é representada pelo acometimento cardíaco e/ou digestivo. Nesse sentido, a fase crônica, oriunda, entre outros fatores, da persistência do parasita nos tecidos, de mecanismos imunes e de desarranjos microcirculatórios, pode levar à lesão cardíaca.

Objetivo

Este estudo tem como objetivo investigar o impacto clínico da afecção cardíaca associada à Doença de Chagas, destacando sua classificação como uma doença tropical negligenciada.

Métodos

Foi realizada uma revisão bibliográfica sistemática a partir de artigos científicos disponíveis nas bases de dados PubMed e Scielo. Para a pesquisa, foram utilizadas as palavras-chave “Doença de Chagas, “Trypanossoma cruzi”, “Doença cardiovascular” e “Doenças negligenciadas”. Como critérios de inclusão estão os trabalhos que abordavam as repercussões clínicas cardíacas da Doença de Chagas e informações acerca das ações de saúde voltadas para a prevenção dessa doença negligenciada.

Resultados/Discussão

A DC é uma doença negligenciada, o que impede sua detecção e controle precoces, seja por problemas de acesso na atenção à saúde, de capacitação dos profissionais, por deficiências no diagnóstico na população geral, falha na notificação dos casos ou ainda pelo predomínio de casos assintomáticos. Sabe-se que a DC possui uma alta prevalência de sua forma crônica, visto que acomete cerca de 3,7 milhões de pessoas, entre as quais, cerca de 30-40% possuem afecção cardíaca, o que a torna a terceira principal causa de transplante cardíaco no Brasil. Isso se deve, principalmente, ao diagnóstico tardio e a falha do tratamento medicamentoso preconizado atualmente para essa fase, uma vez que ainda não há evidências conclusivas da sua eficácia. Nesse meandro, no que tange ao expressivo acometimento cardiovascular da forma determinada da DC, as mortes estão associadas, sobretudo, à parada cardíaca súbita por arritmias, insuficiência cardíaca e eventos embólicos. Além disso, cabe destacar que a morte súbita pode ocorrer, inclusive, em pacientes assintomáticos, sendo que, desde a fase aguda, anomalias eletrocardiográficas podem estar presentes, entre as quais, pode-se citar uma baixa voltagem do QRS, taquicardia sinusal, prolongamento dos intervalos PR/QT, além de distúrbios do ramo direito e hemibloqueio anterior esquerdo.

Conclusão

Dessa forma, constata-se a importância dessa doença no contexto da saúde pública brasileira, uma vez que grande parte dos acometidos possuem repercussões clínicas cardíacas de ruim prognóstico. Assim, urge a necessidade de estruturar uma de rede de atenção à saúde voltada para essa patologia, com investimentos para qualificação e treinamento contínuo dos profissionais, associados a melhorias nos estabelecimentos de saúde, para promoção de atividades em todos os níveis de prevenção, que alcancem, de forma mais significativa e impactante, à população.

Palavras Chave

Doença de Chagas; Trypanossoma cruzi; Doença Cardiovascular; Doenças negligenciadas

Área

Cardiologia

Categoria

Revisão de literatura

Autores

Ana Emília Bezerra Ribeiro, Luiz Felipe dos Santos Tavares, Larissa Emanuele Correia, Giovanna Marinelli Simch, Maribel Fernandéz Fernandéz