Dados do Trabalho
Título
Doença Inflamatória Intestinal (DII) e Complicações Cardiovasculares: Mecanismos e Intervenções
Introdução
As Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), como a Doença de Crohn e a Colite Ulcerativa, são condições crônicas que afetam o trato gastrointestinal e têm sido associadas a um maior risco de complicações cardiovasculares (DCV). Pesquisas recentes indicam que pacientes com DII apresentam risco cardiovascular elevado em comparação com a população geral. A inflamação sistêmica, característica da DII, é apontada como um fator chave para o desenvolvimento de aterosclerose e disfunção endotelial, o que contribui para esse risco aumentado. Para mitigar esses efeitos, são recomendadas intervenções que vão desde alterações no estilo de vida até o uso de terapias biológicas. Com o aumento global de DII e DCV, é fundamental aprofundar o estudo sobre os mecanismos que ligam essas condições e as melhores estratégias de tratamento.
Objetivo
Identificar os mecanismos que conectam a DII às complicações cardiovasculares e discutir as intervenções potenciais.
Métodos
Esta revisão sistemática, seguindo as diretrizes PRISMA, buscou identificar e sintetizar estudos sobre a relação entre DII e complicações cardiovasculares. As buscas foram realizadas nas bases PubMed, Scopus e Web of Science, entre 2015 e 2023, com os termos "Doença Inflamatória Intestinal", "complicações cardiovasculares", "mecanismos inflamatórios" e "intervenções". Foram incluídos estudos originais em inglês ou português, focados em seres humanos e que abordassem a relação entre DII e doenças cardiovasculares, excluindo revisões, estudos em animais e artigos sem revisão por pares. Os dados extraídos envolveram o tipo de DII, parâmetros cardiovasculares, marcadores inflamatórios e intervenções terapêuticas.
Resultados/Discussão
Os resultados desta revisão mostraram uma clara associação entre DII e maior risco de complicações cardiovasculares, como infarto e AVC. Estudos indicaram que pacientes com DII apresentam níveis elevados de marcadores inflamatórios, como PCR, TNF-α e IL-6, ligados à aterosclerose e disfunção endotelial. O uso prolongado de corticosteroides e a inflamação não controlada também foram associados a disfunções cardíacas e arteriais. Quanto às intervenções, o tratamento com inibidores de TNF-α mostrou-se eficaz na redução de eventos cardiovasculares, controlando a inflamação sistêmica. A abordagem multiprofissional, envolvendo cardiologistas, gastroenterologistas e nutricionistas, foi considerada crucial para o manejo do risco cardiovascular em pacientes com DII. No entanto, ainda há lacunas, como a falta de estudos de longo prazo sobre intervenções precoces e a subavaliação de fatores como dieta e atividade física. Estudos futuros devem focar em estratégias preventivas mais completas.
Conclusão
Conclui-se que a DII está fortemente associada a um aumento no risco de complicações cardiovasculares, impulsionado por processos inflamatórios crônicos. A implementação de intervenções focadas no controle da inflamação, como terapias biológicas, e a adoção de uma abordagem multiprofissional, integrando cardiologistas e gastroenterologistas, são essenciais para melhorar os desfechos em pacientes com DII. Futuras pesquisas devem explorar mais a fundo o impacto a longo prazo dessas intervenções e buscar novas estratégias para mitigar os riscos cardiovasculares nessa população.
Palavras Chave
Doença Inflamatória Intestinal; Complicações Cardiovasculares; Mecanismos inflamatórios; Intervenções
Área
Multiprofissional
Categoria
Revisão de literatura
Autores
Ludmila de Sousa França , Giovanna Mendes Monteiro , Gabriel Rosa Leão, Tathiana Nascimento Marques