XVI Congresso Tocantinense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

O IMPACTO DA SAÚDE MENTAL DE PACIENTES EM LISTA DE ESPERA PARA TRANSPLANTES DE CORAÇÃO NO SUCESSO PÓS-OPERATÓRIO

Introdução

Apesar de grandes avanços na farmacologia de entidades como a insuficiência cardíaca, ainda há situações em que o transplante de coração é a única intervenção eficaz. Dentro disso, na espera de um doador compatível, os pacientes vivem debilitados pelas condições proporcionadas pela patologia, por longos períodos, sofrendo fortes impactos psicológicos (Cunha S. et al. 2014). Saúde mental é um estado de bem-estar psicológico e emocional, fator indispensável na garantia da saúde populacional (Public Health Agency of Canada, 2006). Portanto é importante pensar na qualidade de vida e fatores psicossociais como integrantes do processo de saúde no procedimento do transplante, podendo se imaginar certo grau de impacto do fator mental em seus resultados.

Objetivo

É objetivo desta revisão elucidar a potencial relação entre o bem-estar mental e o sucesso de transplantes de coração relacionado à ocorrência da rejeição do órgão.

Métodos

Foi realizada uma revisão de literatura sistemática nas bases de dados PubMed e Scielo, a partir dos termos de busca “saúde mental”, “inflamação” AND “transplante” e “qualidade de vida” AND “transplante de coração” com ajuda do operador booleano AND, para integração de sentido. Ao todo a revisão integra 10 artigos, a maioria disponível em língua inglesa.

Resultados/Discussão

Estudos de avaliação da qualidade de vida por meio de questionário padronizado (S.F. -36), demonstram que mais da metade dos pacientes na lista de espera têm dificuldades no desempenho físico cotidiano e problemas no trabalho por questões emocionais, enquanto mais de 33% afirmam interferência da patologia cardíaca nos aspectos sociais, todos fatores geradores de estresse e impacto na qualidade de vida (Helito R. A. B. et al., 2009). O estresse emocional pode interferir na saúde corporal, afirma Cooper, C. L., et al. (2001), através do impacto no eixo hipotálamo-pituitária-adrenal, aumentando os níveis de cortisol, que sob curto período tem caráter imunossupressor, porém, de forma crônica - como na situação de espera pelo transplante - tem efeito paradoxal, induzindo certo nível de resposta imune desregulada. Isso ocorre por causa da dessensibilização dos receptores de glicocorticoides em resposta à constante exposição devido ao estresse, levando a uma menor ação deste hormônio e análogos, e consequentemente uma menor imunossupressão (Saraiva R. et al., 2020). A questão se relaciona com o transplante de coração ao passo que após o recebimento do órgão, uma rejeição pode resultar da ativação desregulada do sistema imune. Estudos demonstram que pacientes com níveis elevados de marcadores inflamatórios (como interleucina-6, TNF-α e proteína C-reativa), presentes em inflamação crônica gerada por altos níveis de cortisol, têm maior risco de rejeição aguda após transplantes (Taves M. D. et al., 2011).

Conclusão

Assim, é possível a interação de fatores psicológicos do sofrimento de espera pelo transplante com os resultados do procedimento através das ações do cortisol no sistema imune. Apesar disso, mais estudos são necessários para avaliar que grau de distúrbio emocional poderia causar sérios problemas na rejeição cardíaca, diante da variação de respostas psicológicas de cada paciente. Também se mostra indispensável acompanhamento psicossocial aos pacientes da lista de espera, para que os resultados indesejáveis sejam combatidos.

Palavras Chave

saúde mental; sistema imunitário; transplante de coração

Área

Multiprofissional

Categoria

Revisão de literatura

Autores

Mariah Ribeiro Martins, Elis Ferreira Garcia