XVI Congresso Tocantinense de Cardiologia

Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇÃO DA INCIDÊNCIA DE INTERNAÇÃO POR INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO NO PERÍODO PRÉ E PÓS PANDEMIA DO COVID-19, NO TOCANTINS.

Introdução

O infarto agudo do miocárdio (IAM) é decorrente de uma isquemia aguda do músculo cardíaco e apresenta duas causas principais: aterotrombose e desregulação de oferta e demanda, como consequência de hemorragia, pico hipertensivo ou taquiarritmias. Desse modo, os fatores de risco relacionados ao IAM são diversos, dentre eles: hipercolesterolemia, tabagismo, hipertensão arterial, diabetes mellitus, história familiar de doenças cardiovasculares, obesidade e sedentarismo.
Com a pandemia de COVID-19, observou-se um aumento na incidência de eventos tromboembólicos, encefálicos e cardíacos. Isso pode estar relacionado ao processo inflamatório viral, refletindo em manifestações extrapulmonares. Sendo assim, a exposição aos SARS-CoV-2, pode ser vista como mais um fator de risco relacionado ao IAM.
Um estudo dinamarquês demonstrou uma incidência de IAM 10 vezes maior em pacientes com COVID-19. Entretanto, não existem dados publicados que relacionem tais variáveis no estado do Tocantins (TO)/Brasil.. Assim, este trabalho tem por objetivo avaliar a influência da exposição ao SARS-CoV-2 na incidência de IAM no TO, entre os anos de 2018 a 2023.

Objetivo

Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 na incidência e mortalidade por IAM no TO.

Métodos

Foi realizado um estudo documental retrospectivo de dados coletados do DATASUS/TabNet. Os seguintes filtros de busca foram utilizados: internações por IAM, gênero, óbitos e taxa de mortalidade, no estado do TO, entre os anos de 2018 a 2023. Os dados coletados foram organizados no Excel e divididos em períodos: pré-pandemia (2018 e 2019), pandemia (2020 e 2021) e pós-pandemia (2022 e 2023).

Resultados/Discussão

A incidência de internações por IAM, no TO, no período pré-pandemia foi de 665, na pandemia foi de 920 (aumento de 38% em relação ao período anterior) e 1.469 no pós-pandemia, uma crescente de 120% ao longo de todos os anos. Quanto aos óbitos, foram relatados nos anos de 2018 a 2019, 72, de 2020 a 2021, 112 e de 2022 a 2023, 117 com um observável aumento no percentual de óbitos femininos. Já a taxa de mortalidade foi de 10,82%, 12,17% e 7,97%, nos períodos pré-pandemia, pandemia e pós-pandemia, respectivamente, apresentando uma redução nos anos pós-pandemia apesar do aumento nas internações.
Embora o aumento das internações na pandemia seja menos significativo que durante a pandemia, é crucial analisá-lo com cautela. Os dados podem não refletir a realidade devido à subnotificação de casos ou à menor busca por atendimento médico. Além disso, a alta taxa de mortalidade nesse período pode indicar atendimento tardio em pacientes com IAM, levando a um prognóstico desfavorável.
Um estudo nos Estados Unidos, revelou que a infecção por COVID-19 aumenta expressivamente o risco de doenças cardiovasculares em até 12 meses após, dentre elas acidente vascular encefálico e IAM, apesar de não esclarecido o mecanismo de associação. No presente estudo foi observado uma elevação de 120% nas internações por IAM do pré para o pós-pandemia, convergindo com os demais dados presentes na literatura.

Conclusão

Sendo assim, evidencia-se uma correlação da pandemia de COVID-19 como fator desencadeante para eventos cardiovasculares, seja de forma direta pela infecção do SARS-Cov-2, ou de forma indireta, agravando os fatores de risco para doenças crônicas que podem culminar em IAM.
Além disso, a redução da taxa de mortalidade por IAM pós-pandemia, pode significar maior antecipação do diagnóstico e procura por atendimento precoce e, consequentemente, um melhor prognóstico.

Palavras Chave

Pandemia; COVID-19; SARS-CoV-2; Infarto Agudo do miocárdio; Impacto

Área

Cardiologia

Categoria

Trabalho empírico

Autores

Fernanda Luz Andrade, João Guilherme Cezar De Oliveira, Arthur Silva Santos , Olgha Karoline Guida Kichese, Juliane Farinelli Panontin