Dados do Trabalho
Título
O PAPEL DO HEART TEAM NA DECISÃO TERAPÊUTICA FRENTE A UM CASO DE ENDOCARDITE INFECCIOSA : RELATO DE UM CASO ATÍPICO
Introdução
A endocardite infecciosa (EI) é definida como uma infecção do endotélio cardíaco, geralmente relacionado a presença de infecção de uma ou mais valvas cardíacas, podendo ocorrer na forma aguda ou subaguda. A doença é diagnosticada de acordo os critérios de Duke e, recentemente, em 2023, os mesmos foram atualizados. O tratamento da endocardite e os critérios de intervenção invasiva são bem estabelecidos na literatura porém, em casos duvidosos que não se enquadram nos critérios, o "Heart Team" ( equipe de cardiologistas clínicos e cirurgiões cardíacos que se reunem para decidirem em conjunto uma conduta terapêutica) pode ser interessante ferramenta na tomada de decisões terapêuticas.
Objetivo
O objetivo deste trabalho foi relatar um caso clínico de endocardite infecciosa com tomada de decisões terapêuticas por meio de Heart Team em conjunto com a paciente.
Métodos
Paciente, sexo feminino, de 41 anos, internada em ala de psiquiatria do HGP Palmas com indicação de Eletroconvulsoterapia foi avaliada pela equipe de cardiologia para avaliação de risco pré-operatório. Ao exame físico foi constato sopro sistólico em foco mitral de 3 cruzes em 4, com demais sistemas dentro da normalidade. Para estratificacação dos achados, foi solicitado um ecocardiograma transtorácico. O exame mostrou imagem sugestiva de vegetação em face mitral do folheto mitral com 6 x 7 mm e insuficiência mitral moderada. Durante pesquisa de possíveis focos de infecção durante a anamnese aprofundada a mesma referiu quadro gripal e febre antes de internalizar, porém permaneceu febril desde a internação atual. Também referiu palpitações episódicas e alguns episódios de dispnéia leve. Para melhor elucidação diagnóstica, foi indicado ecocardiograma transesofegágico, que confirmou a presença da vegetação em vala mitral e também em valva aórtica. Diante do contexto clínico, foi iniciado antibióticoterapia com ceftriaxone, oxacilina e gentamicina, além da coleta de hemoculturas. Com resultado das culturas negativas, solicitou-se parecer para a reumatologia para investigação de Endocardite de Libman Sacks, sendo solicitados anticorpos para investigação de doença autoimune associada, porém todos resultados foram negativos. Decidiu-se pelo Heart Team para melhor decisão terapêutica. A equipe foi formada com 2 médicos cirurgiões cardíacos de 5 cardiologistas clínicos, todos pertencentes a equipe de Cardiologia do Hospital Geral de Palmas, Tocantins. Diante das discussões, foi optado por novo ciclo de antibióticoterapia e contra-indicado, no momento, cirurgia de troca valvar. A paciente evoluiu favoravelmente durante toda internação. O ecocardiograma transesofágico de controle após 5 meses da alta horpitalar ainda evidenciou a persistência da vegetação em valva aórtica aderida em face ventricular do folheto não coronariano medindo cerca de 8 mm e ausência de vegetação na valva mitral, com refluxo valvar aórtico discreto e, clinicamente, a paciente manteve-se com exames físico e sinais vitais todos dentro da normalidade desde a alta.
Resultados/Discussão
Não foi observado piora clínica ou mesmo alterações de exames durante a internação e após a alta hospitalar. A paciente permaneceu assintomática, sem queixas e segue realizando exames laboratoriais e de imagem com seguimento de cuidados com especialidade de cardiologia.
Conclusão
Heart Team pode ser útil como ferramenta de tomada de decisões terapêuticas na tentativa de se chegar a uma decisão mais assertiva e com possibilidade de desfecho favorável ao paciente.
Palavras Chave
Endocardite infecciosa; endocardite de Libman Sacks; endocardite asséptica
Área
Cardiologia
Categoria
Relato de caso
Autores
Hellen Kristina Magalhães Brito, Raphael Navarro Aquilino, Juliana Dias Borges, Dandara Alice Rodrigues Vilar Rogalski, Rodrigo Rodrigues Silva